O Ciclo hormonal feminino e os exercícios físicos.



O corpo da mulher passa periodicamente por mudanças hormonais que o preparam para a fecundação de um óvulo. Essa “cachoeira de hormônios” pode promover alterações no humor – agressividade, depressão, sensibilidade emocional – e também pode influenciar no dia-a-dia e na prática regular de exercícios físicos de qualquer mulher.
Imagem/ Pinterest

Já nos longínquos anos da história universal, Aristóteles e Hipócrates levantavam a hipótese de que a menstruação era um processo depurativo, isto é, de limpeza orgânica. As primeiras experimentações laboratoriais, utilizando animais, foram realizadas no final do século 19, destacando-se o estudo que relacionou os ovários ao processo menstrual, em 1865.

A partir dessa relação, as ligações de ações interdependentes entre os sistemas  nervoso e humoral (hormonal), conhecida por neuroendócrinas, ganharam força através de uma avalanche de estudos sobre o assunto.

Um estudo realizado em 2011, por pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná, investigou se os sintomas do período pré-menstrual feminino influenciariam o treinamento físico.

Vinte e cinco mulheres, entre 15 e 55 anos, alunas de uma academia da cidade de Curitiba (Paraná), preencheram três fichas, uma de identificação, outra sobre percepção de sintomas do período pré-menstrual, e outra sobre  percepção desses sintomas durante o treinamento.

Os sintomas predominantes foram dor nos seios, irritabilidade, dor de cabeça e cansaço. 96% das mulheres pesquisadas identificaram algum grau de influência desses sintomas na prática de exercícios. 4% não identificou interferência alguma.

O estudo constatou que a maioria das mulheres da amostra apresenta alguma alteração física, psicológica ou comportamental no período pré-menstrual, no que diz respeito à prática de exercícios físicos.

Essas alterações, contudo, podem ser revertidas, basta respeitar as características do ciclo hormonal, e inserir o treinamento físico em sua rotina. Obviamente, haverá exceções dentro do quadro geral que será exposto abaixo. Sendo assim, médico e educador físico, juntos, poderão adequar as variáveis de volume e intensidade de treinamento ao ciclo hormonal.

O ciclo hormonal (também conhecido como ciclo menstrual) ocorre em três fases distintas, considerando o período de 28 a 32 dias.

Na primeira fase, denominada de folicular, há a predominância do hormônio estrógeno. Ela corresponde ao período da menstruação (que pode durar até cinco dias) e ao período pós-menstruação (que pode durar até 6 dias), totalizando 11 dias.

É uma fase delicada, a mulher sente cansaço, cólicas e vontade de faltar aos treinos. Apesar dos sintomas, exercícios leves, tais como alongamento, ioga e caminhada ajudam a aliviar as cólicas menstruais. Segue a recomendação de continuar treinando, desistir, jamais!

A partir da fase pós-menstrual (os 6 dias seguintes) há uma transformação importante; o aumento de estrógeno e a maior liberação de noradrenalina mudam a motivação e o desempenho. Modalidades que exigem maior resistência aeróbia e velocidade (corrida e ciclismo), e força (musculação) são as melhores para esse período.

Na segunda fase, denominada de ovulatória, há o rompimento do folículo e a liberação do óvulo para as tubas uterinas, o que dura aproximadamente 10 dias (do 12º ao 22º dia do ciclo hormonal). Essa fase também é conhecida por período fértil. Aqui ocorre uma inversão na concentração de hormônios, reduzindo o estrógeno e aumentando a progesterona.

Entre o 12º e 15º dias, as modalidades que exigem coordenação e força podem ser modificadas, mas sem reduções drásticas na intensidade. Do 16º ao 22º dias, a progesterona, que já se encontrava em ascenção, ultrapassa os níveis do estrógeno, melhorando ainda mais a performance para atividades que envolvam força. Essa é a hora de caprichar na musculação e outros exercícios  de maior intensidade.

Na terceira e última fase, denominada de lútea ou luteínica – também conhecida por período pré-menstrual, no qual surge a tão temida TPM (tensão pré-menstrual) – o folículo do ovário, que estava em crescimento, rompe-se pela falta de fecundação do óvulo, transformando-se numa massa amarela, que é eliminada pelo sangue da menstruação.

Nesse período, há uma queda substancial da concentração de progesterona e consequentes redução de desempenho e aumento da fadiga física. Dor nos seios, irritabilidade, dor de cabeça, retenção líquida e prisão de ventre são sintomas comuns nessa fase.

Esses sintomas podem ser amenizados pelo exercício físico, pois este produz serotonina, um hormônio que combate a sensação de dor. É um momento para retomar as atividades em menor intensidade e volume.

http://discoverymulher.uol.com.br/saude/exercicios/ciclo-hormonal-feminino-e-exercicio-fisico/

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